30/08/2012

Entrevista com Nuclear Fröst


Mais uma entrevista Miserável, desta vez com o Thomas, baterista da banda mais gelada de São Paulo que eu conheço, o Nuclear Fröst.




Miséria - Quando entram em estúdio vocês deixam o ar condicionado no nível mais baixo possível para tentar simular a sensação térmica de países da Escandinávia?

Thomas: Mais é lógico... rsrsrsrs, se não for assim, não tem graça... Mais esse lance de uma banda de uma país tropical, ter no nome a palavra “Frost”, só mostra o quanto as pessoas podem chegar em um nível de amor por um estilo musical, que no caso o NxFx sempre fomos apaixonados pela velha escola do HardCore Suéco, em nosso caso, só existimos por causa do Svart Parad, Anti Cimex, Shitlikers e Crude S.S., sempre foram, e sempre serão as maiores influências da banda. Mais a musica tem esse poder de mexer com os paradigmas, assim podemos dizer, é igual a pessoa que nunca veio ou não tem nenhuma ligação com Brasil e que adora Bossa Nova, putz! eu particularmente acho uma bosta este estilo musical, mais a musica tem esse poder.

Miséria – Eu vi uma matéria (um vídeo) com o Feijão, falando sobre comida vegetariana, qual o posicionamento da banda quanto a isso? Ouvi falar que vocês vendem empadas feitas com carne humana dizendo que são totalmente vegetarianas nos shows, a banda vai entrar em declínio agora que eu denunciei o esquema de canibalismo capitalista selvagem de vocês?

Thomas: Ehehhehehe... Caralho mano, vc acabou com a minha chance de ficar rico. Acho que grande parte da humanidade não serviria nem para isso, se carne bovina causa um monte de doença, imagina a do ser humano, mais pensando bem... Se tem gente que vai no Mc Donald’s, comer carne humana é di boa...
O Fejão como vc citou, é Vegano, já um tempo, ele mora em uma cidade do interior de SP, ele e sua companheira Alê, são militantes da causa contra o abuso animal, organizam passeatas, palestras, são extremamente ativo na causa e viraram referência sobre o assunto na cidade, por isso dessa reportagem.
Eu e a Gaby somos vegetarianos, já uns bons anos, o Edu come carne. Temos uma música que se chama “Stop Animal Abuse” q é sobre essa postura que a maioria da banda segue.

Miséria  - O Nuclear Fröst surgiu em 2006, em São Paulo, é isso? Vocês podem falar um pouco sobre o início da banda? É verdade que a principio vocês fariam um som mais industrial?

Thomas: Isso o Nuclear Frost teve início em 2006, quando o Edu e Eu estávamos querendo montar um projeto, por que o Edu na época estava tocando com o ROT (Grind Masters), como de primeiro momento seria um projeto, queríamos fazer um lance mais experimental, meio Ministry, Einstuerzende Neubauten, mais como o Edu saiu do ROT, mudamos o gênero para o projeto se tornar banda, e assim ficar mais fácil de tocar ao vivo. Esse começo de banda chamamos a Gaby para assumir o vocal, e tivemos uma certa dificuldade em encontrar um guitarra, mais logo encontramos um camarada chamado Fred (Bahia), que nos ajudou muito, e com essa formação começamos a tocar ao vivo e gravamos nossas duas demos, “Dbeat War 83/Winter Bomb”, com a saída do Fred, ficamos um tempo sem guitarra, chegamos a tocar ao vivo, só guitarra/batera/vocal, fizemos gravações onde o Edu gravou guitarra e baixo, mais logo depois o Fejão entrou em 2008, e deu um ritmo que procurávamos para banda, conseguimos ter uma seqüência de shows e composição.


Miséria - Quais bandas que possuem ou possuíam mulheres na formação que vocês mais gostam? Não conheço nenhuma banda atual que tenha mulheres e façam um som parecido com o do Nuclear Frost... Vocês conhecem?

Thomas: Sei que a Gaby pira nessas, que são referências para ela: Abuso Sonoro (CrustHC), No Sense (Grind), Excruciation (Death Metal de Santos), Detestation (Crust), Sacrilege (MetalPunk), Dominatrix, Acid, Deténte, Mercenárias...
Hoje em dia tem o Post Atomic Dogs, que é uma banda nova, a Carol e o pessoal da banda esta mandado muito bem, banda que merece ter espaço.

Miséria - No split com o Retaliador vocês colocaram sons que foram gravados ao vivo em Minas, vocês tocaram em baixo do viaduto Santa Tereza, como foi a gravação e a apresentação da banda neste dia, e como surgiu a ideia do split com o Retaliador?

Thomas: Esse evento rolou mesmo em baixo do viaduto de Santa Tereza em BH (Minas), foi organizado pelo nossos amigos de BH, tocar em Minas sempre é muito foda para o NxFx, gostamos muito do pessoal de lá, eles sabem receber as pessoas da melhor maneira possível, temos bons amigos por lá. Mais o show na época era um projeto de um DVD, com a gravação de todas as bandas como Barrikada, Filhos da Desgraça, Expurgo e outras bandas, mais no final o cara que gravou o evento em vídeo, sumiu, e o que sobrou foi o Áudio, e como nós já queríamos fazer um split com o Retaliador, essa foi a chance, o Retaliador é uma banda irmã nossa, gostamos muito do som deles, são pessoas extremamente honestas e verdadeiras no que fazem, e esse split só serviu para coroar todo esse sentimento. Foi lançamento total DIY, em Cd-r com capinha de Ep 7’.


Miséria- Pelo que tenho observado, vocês tem uma boa aceitação do público gringo, boa parte das vezes que procurei material para download foram de páginas estrangeiras, a que se deve isso? Vocês sabem?

Thomas: Espero que isso esteja acontecendo mesmo, acho que isso se deve a o 4Way lançado na Itália, e o Cd “Nuclear Winter Gloom” lançado em três países diferentes, Peru, México e Espanha, Fita K7 na Tailândia. Acho que isso ajudou a espalhar o nome, espero que continue assim, por que queremos muito poder fazer uma tour em outros países...

Miséria - Além das referências musicais o que mais influencia o Nuclear Frost?

Thomas: Muitas coisas... A vida em sociedade é cheias de referências para uma de banda, serve de combustível para a revolta, questionamentos, oposição sobre aquilo que é estipulado com padrão, e por ai vai.... Fugindo um pouco disso, acho que o cinema é uma grande influencia, meus gêneros favoritos são Neo-realismo do período de 60/70 (Italiano principalmente), Documentário, Expressionismo Alemão, Terror B, Exploitation, Surrealismo...
Vou deixar alguns filmes que acho foda, quem quiser ver, fica a dica....
Ladrões de Bicicleta (ITA 1948), Alemanha Ano Zero (ITA 1948)/Cabra Marcado para Morrer (BRA 1964/84), Estamira (BRA 2004) Arquitetura da Destruição (ALE 1992)/Nosferatu (ALE 1922), Gabinete do Dr. Caligari (ALE 1920)/ Massacre da Serra Elétrica (USA 1974) The Beyond (USA 1981)/Thriller (SWE 1974), Coffy (USA 1973)/El Topo (MEX 1970) Um Cão Andaluz (FRA 1929)... deixa eu parar por aqui, kkkkkkkkkk... se não vc Alan esta fudido, rsrsrsrs...


Miséria - É ano de eleição, o Lula fez acordo com o Maluf, o Kassab foi um ótimo prefeito, e os Tucanos são muito bons! com certeza agora vocês acreditam que São Paulo está tomando um rumo político correto, certo?

Thomas: Hahahaha... Suas perguntas são as melhores... rsrsrs... A cidade de São Paulo é uma piada politicamente falando, assim como o Brasil, mais SP acho que é a mais piada de todas, por que o estado tem um governo de PSDB já fazem 16 anos, agora prefeito como o Kassab, fascista total, o que eu posso falar de uma população que na sua maioria, elege um comediante para “representar” a cidade onde mora, detalhe com o maior números de votos da história.
A Democracia Capitalista é uma bosta em países de primeiro mundo, imagina em um país de terceiro mundo como o Brasil, a cidade de São Paulo é só um reflexo disso, desorganizada em todos os aspectos, econômico, social e etc.. Vende a sonho capitalista, de ter e ter mais e mais e mais, por que só assim vc é alguém na vida... Ai vc cai nos grandes problemas do mundo, que aqui em São Paulo parecer mais crônico...

Miséria - Vocês participaram de um 4 way split com o Armagedom também né? tanto o split com o Retaliador quanto o 4 way split foram lançados em 2009? As outras bandas do 4 way são da italia, é isso? Como aconteceu a participação banda neste 4 way split?

Thomas: Em 2009 saímos em 4Way junto com o Armagedom, que para nós foi um orgulho, poder dividir esse 4Way com eles, também nesse 4way tem duas bandas da Itália, o Children Of Technology e o Minkions, ótimas bandas, principalmente o pessoal do CxOxTx que são foda... o convite rolou através do Myspace, o Astolf (CxOxTx) entrou em contato e falou sobre o projeto, somos muitos agradecidos por ele nós ajudar, valeu DeathLord Astolf pela ajuda.... Com certeza ajudou a divulgar o nome do NxFx.
Nesse mesmo ano saiu o split com a banda americana Secret Sect, que demorou muito para sair, que no caso era para ter saído no final de 2008, mais até ai tudo bem... o foda, foi saber que o Joey Cox (Baterista do Secret Sect) que organizou e lançou, com uma tiragem de 1.000 cópias, é só mandou 25 cópias para nós, sendo que o combinado seria 100 cópias, falar o que?
E no ano de 2010 organizamos o split em versão Cd-r com nossos amigos do Retaliador.


Miséria -A banda tem uma posição religiosa definida? Dizem as más línguas que vocês são evangélicos fanáticos e que usam a música para “aliciar” jovens para a igreja, é verdade?

Thomas: Nossa intenção é meio que parecida com a do Pastor Americano Jim Jones que por sua seita chamada, “Peoples Temple”, foi o responsável pelo suicídio em massa em Guiana no ano de 1978... Esse episodio que eu brinco é só um dos muitos casos que o fanatismo religioso pode chegar, o NxFx é uma banda extremamente anti religião, principalmente a Cristã, por todas as mazelas e genocídios causado por essa bosta de religião. Somos todos ateus graças a Deus.


Miséria - Qual a diferença entre a cena Punk e a cena Metal aqui em São Paulo? Vocês vêm alguma diferença além do estilo musical?

Thomas: A cena Metal de São Paulo é desunida e muito conservadora, não digo tod@s as pessoas, tem pessoas que levam a serio, apóiam as bandas, mais vendo a cena como um todo, a desunião prevalece...
A cena Punk que posso dizer é a Crust, Grind e Cia, que é a cena que o NxFx costuma tocar. É feita por uma galera consciente, numa grande parte, mais tem muito poser, pessoal que paga de fudido e na verdade é cuzão, quer ficar pagando de peita da banda da moda (nada contra banda nenhuma), e nunca passou um perreio, na vida ou com banda, que ter banda para ficar pegando de fudido, acho que muitos iram ler isso e falar,“Olha que trouxa, cusão, ele pensa que é quem?.. o salvador” , só acho que as vezes, as pessoas tem que ser mais humilde e praticar mais aquilo que fala ou escuta nas musicas.
O pessoal de São Paulo tem que aprender com outras cenas, acho que hoje quem tem a cena mais legal, de MetalPunk/Crust/Punk/Grind é o Rio de Janeiro, falo isso por que, quando colei lá as duas últimas vezes, que eu fui, vi um pessoal interessado em ver a banda, os zine’s, sacar os materiais, tomar uma com o amigo ou amiga, trocar idéias... Coisas que aqui em SP não rolá, muito difícil essas coisas acontecer por aqui, vez ou outro... Vou parar de falar por que não sou o dono da razão... esse é só a minha opinião...

Miséria – O que vocês acham de bandas de Black Metal que possuem visões políticas direitistas? Vocês não acham que com isso eles acabam virando uma espécie de “música gospel do capeta”? A meu ver como diria Bakunin (parafraseando) ”se Deus existe, então o capeta foi o primeiro livre pensador da história” sendo assim ele (o Guanxumão) estaria mais para libertário do que para fascista, não é mesmo?

Thomas: De total acordo com isso que vc disse, O Black Metal surgiu como uma forma de protesto contra a igreja e todos os seus dogmas e conservadorismo, ai vc cai naquele lance, que podemos dizer que surgiu junto com a segunda de geração de bandas de Black Metal, especificamente da Noruega, o pessoal pensou, “temos que fazer alguma coisa mais fudida que o Venom, Hellhammer/Celtic Frost, Bathory, Bulldozer ... vamos ser uma banda de Black Metal Nazi, ou melhor, pra não dar tão na cara, vamos ser Black Metal Nacional Socialista (que é a mesma merda), por que assim podemos chamar mais atenção.” Cara essa é a minha opinião, eu não sei quem é o mais idiota, se é o cara que lança a idéia, ou quem segue...
Conservadorismo não combina com Black Metal, em nenhum aspecto, mais o que podemos fazer, o cara caga é tem um monte para comer a bosta, ai é foda....

Miséria - Vocês estão lançando agora o segundo álbum “Anti-Christ Anti-Nazi” que saiu ou vai sair em LP, qual a diferença entre o primeiro (Nuclear Winter Gloom) e este?

Thomas: Putz... eu acho que não tem muita diferença, no NxFx até agora temos um sistema de musica e letras, que é ser cru e direto, por exemplo, não gostamos de gravar a guitarra duas vezes, por dois motivos, um é por que não queremos nada soando pesado, para soar como gravações anos 80 mesmo, e o segundo é por que o baixo que Edu faz já preenche legal, por que ele toca praticamente todas as partes da musica em bicorde, jogando bastante barulho, isso preenche bastantes os espaços, e fica do jeito que gostamos.


Miséria - Com quantos paus se faz uma canoa, ou melhor, com quantas parcerias se lança um LP? Quais as dificuldades de uma banda no Brasil para lançar algo deste tipo? Lançar um LP seria tipo o Corinthians ganhar a libertadores?

Thomas: No caso do NxFx, somos nós, da banda, e mais quatro selos, Terotten/Extreme Noise/Corsário Discos/e o nosso amigo Fernando, ao total de cinco selos, que iram realizar esse sonho. Não sou Cúrintia, hehehehe.... mais é um sentimento meio que parecido, ao ganhar uma Libertadores depois de tantas tentativas, todos da banda esta na casa dos 30 anos, então estamos no corre, já um tempinho.... não que isso faça da gente mais merecedor do que os outros, quem curte som, quando monta uma banda, sonha de ter seu material registrado em vinyl, para nós não tem nem palavras para descrever... parece forçado isso que eu estou falando, mais só nós, e quem esta do nosso lado sabe o quando estamos felizes com esse LP.
A PolySom quando voltou as atividades, a galera do underground ficou feliz, pensando que iria ser como antes, mais quando viu, que o lance estava no padrão CULTzinho MPB/POP di bosta, com os preços super faturados, desanimou geral... Mais na passagem de 2011/12, os preços caíram um pouco (ainda continua caro), mais o objetivo ficou mais dentro da realidade, não temos preço para passar para o pessoal de fora, mais aqui no Brasil, não fica em um preço muito caro. Esperamos que abaixe ainda mais o preço nos próximos anos.


Miséria – ah, só para eu procurar por aqui depois, quais bandas vocês tem ouvido ultimamente?

Thomas: Todo mundo passa por fases, eu estou em uma fase muito podre, estou escutando muito: HellFire - Black Metal(SWE), Necrobutcher - DeathNoise(BRA), Nuctemeron - DeathNoise(BRA), Beherit – DeathNoise (FIN), VNA - Noise(FRA), tá foda, rsrsrrss, mais ai para relaxar os tímpanos, Haveri - HardCore sueco foda(SWE), Musta Paraati – PósPunk lindo de morrer (FIN), Nitzer Ebb – o primeirão That total age, Visions – Demo/CrustThrash magnificummm (SWE), Afrika Bambaataa – São Bento Rules/Planet Rock (USA), e fora os lances clássicos de Metal/Punk/Crust/HC/Dark....

A Gaby é: WarRipper de manhã, AntiCimex a tarde e Racionais Mc’s a noite.

Miséria – Bom, é isso. Faltaram algumas coisas eu acho, mas fica aqui o espaço para vocês falarem o que quiserem, o que acham importante ser dito e faltou... muito obrigado Nuclear Fröst! Valeu mesmo!

Thomas: Alan só gostaria de ti agradecer pelo espaço, muito obrigado pela entrevista e todo apoio, espero ti encontrar em breve, quem quiser entrar em contato com o Nuclear Fröst, mande e-mail para nuclearfrost83@gmail.com, ou meu e-mail é thomasattack@yahoo.com.br , vamos lançar o LP “AntiChrist/AntiNazi” somente 300 cópias, quem quiser é só entrar em contato... DisCimexHammerVod!

Créditos das fotos: Ana Lee/Alê Faria/Aylton Baptista

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